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  • Carlos Guglielmeli

Wajngarten irrita relator e presidente da CPI com respostas dúbias e quase sai preso

"Vossa excelência não pense que o pior na sua vida seria a sua prisão hoje, não seria. O pior é o legado que você construiu com muito trabalho, que você perdeu hoje aqui nessa CPI."


Essas foram as palavras finais do Senador Omar Aziz, presidente da CPI da covid, ao depoente deste quarta-feira (12), o ex-secretário especial do governo Bolsonaro, Fábio Wajngarten.


Fábio Wajngarten depõe na CPI da Covid / Foto: Edilson Rodrigues - Agência Senado

Mais cedo, ao ser questionado por Calheiros sobre as intenções do governo com relação a confecção e publicização de frases do presidente Bolsonaro contra as vacinas, o depoente sugeriu que os senadores direcionassem os questionamentos ao presidente. "Têm que perguntar pra ele" afirmou ele, desconsiderando sua função de responsável pela tal comunicação.


A resposta não agradou nem Aziz, nem Calheiros. O presidente do colegiado advertiu Wajngarten, dizendo que ele estava ali na posição de testemunha. "Você não pode falar isso aqui não. Você não pode dizer 'pergunte a ele', você está aqui como testemunha, você vai responder sim ou não", disse Aziz. O ex-secretário logo se desculpou pela postura, e Renan lhe respondeu: "Não precisa pedir perdão, é só responder".


Entre outros, o ex-secretário especial de Bolsonaro se contradisse ao negar ter chamado o Ministério da Saúde de incompetente na negociação para compra de vacinas contra a covid, durante entrevista que concedeu à Revista Veja em abril recente. Segundo ele a palavra "incompetente" teria sido adicionada pela revista para "vender a manchete". Porém, durante a oitiva, a CPI requisitou a gravação da entrevista ao veículo de imprensa.


Imediatamente a Veja divulgou em seu site o trecho do áudio em questão, no qual Wajngarten de fato classificou o ministério comandado à época pelo general Eduardo Pazuello com o adjetivo usado na reportagem, no tocante das negociações para a compra do imunizante da Pfizer.


Durante a entrevista o repórter perguntou: “Foi negligência ou incompetência?”, e o ex-secretário afirmou: “Foi incompetência. Quando você tem um laboratório americano com cinco escritórios de advocacia apoiando a negociação e tem do outro lado um time pequeno, tímido, sem experiência, é sete a um”, disse Wajngarten.


Vossa Excelência, mais uma vez mente. Mentiu diante dos áudios publicados, mentiu por mudar a versão com relação à entrevista que deu e continua mentindo”, disse Calheiros que em seguida pediu que o ex-secretário especial de comunicação de Bolsonaro fosse preso: “Diante do flagrante evidente, vou pedir a prisão de vossa senhoria”.


Segundo o senador, a decisão para a detenção do depoente cabia ao presidente da Comissão, senador Omar Aziz (PSD). “Ele Aziz pode decidir diferente, mas vou pedir porque o espetáculo de mentiras que vimos hoje aqui é algo que não vai se repetir e não pode servir de precedente”, completou o relator.


O pedido de Calheiros para que Wajngarten fosse preso encontrou apoio também nas falas do senador Fabiano Contarato (Rede). “Ele está em estado flagrancial, senhor presidente. A Constituição Federal é clara. Qualquer um do povo pode, a autoridade policial e seus agentes devem prender quem quer que se encontre em flagrante delito. Espero que a CPI não mostre que só vai preso pobre, afrodescendente e analfabeto”, disse Cantarato.


Em resposta, Aziz disse que não tomaria a decisão de prender ou não Wajngarten e que a escolha caberia a outros órgãos. “Não tomarei essa decisão. Eu tenho tomado decisões aqui muito equilibradas até o momento, mas eu ser carcereiro de alguém, não. Sou democrata. Se ele mentiu, temos como pedir indiciamento dele, mandar para o Ministério Público para ele ser preso, mas não por mim. Só depois que ele for julgado, e aqui não é tribunal de julgamento”, disse o presidente da CPI.


Conforme Aziz, o depoimento de Wajngarten trouxe novas informações como a que, boa parte da cúpula do governo, incluindo o próprio presidente da república e o ministro da saúde sabiam desde 12 de setembro que a farmacêutica Pfizer estava oferecendo vacina para o Brasil.


A carta do CEO da Pfizer enviada ao presidente Jair Bolsonaro em setembro do ano passado também foi endereçada ao vice-presidente da República, Hamilton Mourão, ao então ministro da Casa Civil (hoje Defesa), Walter Braga Netto, ao ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, ao ministro da Economia, Paulo Guedes, e ao Embaixador do Brasil nos Estados Unidos, Nestor Foster.

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