top of page
Carlos Guglielmeli

Para FHC "Lula é o candidato dos sonhos de Bolsonaro"

Durante um evento digital organizado pela Gouvêa Ecosystem, que oferece serviços e consultoria especializada no mercado de consumo e varejo, realizado com a presença de mais de cem dos principais empresários e dirigentes do setor varejista, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) avalia que o Brasil está "precisando de lideranças".


Foto ilustrativa (Grupo Mídia)

O tucano foi direto, disse que, passada a pandemia do coronavírus, será necessário que o Brasil tenha uma liderança adequada para reorganizar seu rumo:


"Na emergência, vê-se mais claramente a importância da liderança. Se não houver liderança, é difícil a adaptação. Estamos precisando de lideranças no Brasil. Gente que, ao fazer isso, se exponha também. Líder não é quem já sabe. É quem se expõe: 'Olha, o caminho que eu acho é esse. Você vem comigo?' Se for, tudo bem, você vira líder. Se não, você fica sozinho", disse.


"Liderar não é mandar, é ter aceitação", completou FHC.


Com o forte impacto da pandemia sobre a economia do país, o setor do varejo tem discutido soluções para reagir às dificuldades enfrentadas desde o ano passado e a visão de Fernando Henrique sobre o momento político atual e as perspectivas para a eleição de 2022 acabou chamando a atenção de empresários e dirigentes como Artur Grynbaum (Boticário), Flávio Rocha (Riachuelo), Beto Funari (Alpargatas), Antonio Carlos Piponzzi (Drogarias Raia), Stephane Engelhard (Carrefour), Sérgio Zimmerman (Petz), Ricardo Bomeny (BFFC/Bob's), entre outros.


Questionado sobre o cenário de 2022, o ex-presidente destacou a importância do surgimento de lideranças que deem conta dos efeitos da pandemia. "O fato é que alguns problemas vão bater de cara conosco. Um é óbvio. O desemprego cresceu muito no Brasil. Já vinha crescendo. Mas se acelerou", por isso, Fernando Henrique prevê que o Brasil precisará de "mais e não menos governo" para reagir às dificuldades:


"Nós vamos precisar, na sociedade que vem por aí, de mais e não menos governo. É uma afirmação complicada. Porque nós não gostamos de governo. Preferimos as liberdades individuais. Governo é uma coisa, geralmente, burocrática. Não resolve o que achamos importante resolver. Mas, bem ou mal, a sociedade brasileira, depois da pandemia, vai precisar de ação governamental. Teremos capacidade de agir? Não é garantido".


Perguntado pelos empresários sobre a provável candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Fernando Henrique não escondeu seu receio de que, depois da pandemia, a polarização se concretize, com Jair Bolsonaro de um lado e o petista do outro:


"Nessa hora de dificuldade, não é hora de nós e ele. Eu não gosto dessa polarização. É provável que saiamos dessa crise polarizados. Da minha parte, faço tudo para que não ocorra isso. Porque acho que é ruim a polarização".


Segundo FHC, a polarização com Lula é o cenário ideal defendido por Bolsonaro, na expectativa de que ele seria capaz de vencer o petista, caso a disputa se restrinja aos dois:

"Tenho a impressão que Lula é o candidato dos sonhos do Bolsonaro porque polariza. E na polarização ele ganha de novo", explicou.


No debate, Fernando Henrique também deixou claro que acha pequenas as chances de vitória de Lula na eleição presidencial de 2022:


"Como ele demonstrou no governo menos capacidade de governar do que eu imaginava, acho que dificilmente vai ganhar de novo. Mas pode. Contra o Bolsonaro, vai polarizar de novo. O que vou fazer? Eu prefiro que não. Se polarizar, é ruim para o Brasil. Por isso, acho que precisamos fazer força para ter um caminho que nos livre dessa alternativa".


Para o ex-presidente, um eventual novo governo de Lula seria ruim. "Não é ruim no sentido de que o Lula vai fazer o socialismo, o comunismo. Ele não vai fazer isso. Não é da alma do Lula. Vai fazer o que sempre fez. Vai acomodar. Ele é inteligente. Vai falar com o povo de uma maneira que o povo vai gostar. Ele sabe agradar. Mas não tem um rumo definido. O Brasil está precisando de alguém que tenha um pouco mais de lado, um pouco mais de capacidade de dizer: vamos por aqui que a gente vai chegar lá", afirmou.


Sobre a possibilidade de surgir uma candidatura competitiva no centro, como alternativa a Bolsonaro e Lula, Fernando Henrique disse que esse seria o cenário ideal. Mas defende que esse perfil não seja meramente um meio termo entre os pólos políticos, ele acha que o representante dessa corrente precisará ter posições fortes se quiser vencer.


"Centro não pode ser uma coisa anódina. Isso aí não ganha. Centro tem de ter lado. E qual lado tem de ser importante no Brasil? Tem de ser o Centro progressista. Tem de ser progressista na economia. Tem de entender que o nosso sistema é esse aí que está e tem de melhorar. Precisamos de capacidade tecnológica. Temos de dar muita atenção à Educação", disse ele, que se mostrou disposto a ajudar um candidato que "simbolize o progresso".


Quando questionado sobre a possibilidade de haver a candidatura de algum empresário, como Luiza Trajano, da Magazine Luiza, ou do apresentador Luciano Huck, FHC defendeu que eles se lancem, caso acreditarem que estão dispostos a enfrentar esse desafio.

"A chance de ganhar não é grande. Porque a chance de polarização é muito grande. Agora, independentemente de ter chances de ganhar, precisa existir essa candidatura. Precisa que alguém tenha coragem. Na política, você precisa ter coragem. Pode ter conhecimento, experiência. Mas se não tiver coragem, não adianta. Então, as pessoas têm de lançar-se. Foram mencionados a Luíza e o Huck, pode ser que tenham outros mais que eu não conheça. Será que vão ter coragem na hora H de se lançar? Mesmo que não seja para nada, mesmo que percam. Porque quando você lança uma candidatura, você pode perder. Eu perdi a disputa para a Prefeitura de São Paulo. Você se lança. Tenta."


De acordo com Fernando Henrique, é essencial que "haja renovação" no próximo pleito:


"Nem sempre é melhor a renovação, mas é importante ter alguma coisa nova. E creio que hoje estamos cansados do que já vimos. Do passado recente e do mais remoto. Então, que se abra um caminho. Que a pessoa venha com vontade de fazer e que ouça todo mundo. Que não tenha preconceito. Se algum deles perguntar a minha opinião, vou falar: lancem-se".

Comments


Publicidade
bottom of page