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  • Carlos Guglielmeli

Estoque de oxigênio acaba no Amazonas, e pacientes com Covid-19 morrem asfixiados

Com a nova explosão de contaminação pelo novo coronavírus no Amazonas, o estoque de oxigênio acabou em vários hospitais de Manaus nesta quinta-feira (14) levando pacientes internados à morte por asfixia, segundo relatos de médicos que trabalham na rede pública de saúde da capital amazonense .


O Hospital Universitário Getúlio Vargas, ligado à Universidade Federal do Amazonas (UFAM), ficou cerca de quatro horas sem o insumo na manhã desta quinta, o que gerou desespero entre os profissionais, segundo relatou ao Estadão uma médica da unidade, que não quis se identificar.


"Colegas perderam pacientes na UTI por causa da falta de oxigênio. Eles ainda tentaram ambuzar (ventilar manualmente), mas foi só para tentar até o último recurso mesmo, porque é inviável manter isso por muito tempo. Cansa muito, tem que revezar os profissionais. Chamaram residentes para ajudar na ventilação manual. A vontade que dá é de chorar o tempo inteiro. Você vê o paciente morrendo na sua frente e não pode fazer nada. É como se ver numa guerra e não ter armas para lutar", desabafou ela.


Relatos publicados nas redes sociais dão conta de que a situação é crítica e centenas de pessoas internadas correm risco de morrer:


"Pessoal eu peço misericórdia de vocês, nós estamos em uma situação deplorável, simplesmente acabou o oxigênio de toda uma unidade de saúde, não tem oxigênio, tem muita gente morrendo", suplicou emocionada uma enfermeira do Serviço de Pronto Atendimento da Policlínica José Lins em Manaus.



O procurador de Justiça Públio Caio Dessa Cyrino, que tinha um filho internado no Hospital Fundação de Medicina Tropical, disse ao Estadão que pela manhã não havia oxigênio para nenhum dos pacientes:


"Minha nora me ligou às 5h, quando ela foi lá visitá-lo, avisando que tinha acabado. Ele estava no terceiro dia de UTI e evoluindo bem. Por sorte eu tinha uma 'bala' de oxigênio em casa e corri para o hospital para levar para ele. Quando cheguei com a bala na mão, vi o olhar de desespero dos médicos, servidores. Eles estavam em choque, sem poder fazer nada", relatou Cyrino.


O jurista conta que o filho, de 36 anos, começou passar mal a quase 15 dias, mas logo no início não achou vaga em hospital e ficou em home care, por isso ele tinha oxigênio. "Isso aqui é uma praça de guerra. E esse governo irresponsável não se planejou para a guerra, apesar de saber que ela iria ocorrer", desabafou.


Ele conseguiu contratar uma UTI aérea e transferiu o filho para São Paulo durante a tarde.


"Eu consegui, mas quantas centenas não têm como fazer isso e podem morrer hoje?"


Mesmo as unidades que ainda não chegaram ao fim do estoque têm insumo escasso, como é o caso do Hospital e Pronto-Socorro 28 de Agosto. Médico de urgência e emergência na unidade, Diemerson Silva diz que a demanda por oxigênio se intensificou com o aumento de internações pela Covid-19 nos últimos sete dias.





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