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  • Carlos Guglielmeli

Declaração do Brics tira apoio ao Brasil por vaga na ONU


Foto: DonTotal

A declaração final do Brics, realizada na terça-feira (17), retirou o apoio que vinha prestando a anos ao Brasil, Índia e África do Sul, para a inclusão dos países no Conselho de Segurança da ONU, a partir da sua ampliação.

"Quando algo entra ou sai da declaração final, nunca é por acaso. São documentos preparados ao longo de meses", afirmou Oliver Stuenkel, coordenador da pós-graduação em relações internacionais da FGV-SP e autor de um livro sobre o Brics.
"Se algo fica no texto ao longo de 11 anos e de repente sai, é por uma razão específica", completou Stuenkel.

O Brics é um grupo informal, criado em 2009, que permite a Rússia, China, Índia, Brasil e África do Sul maior poder no cenário internacional. Os países fazem cúpulas anuais e a última ocorreu de forma virtual no ano anterior.

Segundo Oliver Stuenkel, a Rússia não retiraria esse trecho por iniciativa própria, pois em comunicações anteriores não manifestou desconforto sobre o tema.

"É muito provável que seja iniciativa chinesa, especialmente porque a relação com o Brasil e com a Índia passa por uma crise", disse ele se referindo aos recentes ataques ideológicos do governo Bolsonaro.
Em uma de suas declarações na cúpula, o presidente Jair Bolsonaro disse que o Brics precisa "apoiar as legítimas aspirações de Brasil, Índia e África do Sul a assentos permanentes no Conselho de Segurança da ONU".

A reforma do Conselho de Segurança, estabelecido após a fundação da ONU, em 1945, é uma velha reivindicação da diplomacia brasileira. No entanto, segundo o diplomata Roberto Abdenur, ex-embaixador na China e na Alemanha, a atual gestão do Itamaraty rompeu com a tradição da política externa conduzida até o final de 2018 de lutar por uma vaga permanente.

"Não creio que o Itamaraty tenha ficado desagradado com a mudança na declaração do Brics, pois não havia feito esforços para a reforma do Conselho de Segurança nos últimos dois anos", avaliou Abdenur.

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